terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Assombro, o Livro que Provoca Desmaios nas Pessoas

Capa
Assombro(2005) é uma obra literária de Chuck Palahniuk escritor nascido em Pasco, Washington  em 1961. Seu livro mais conhecido é Clube da Luta, livro este que deu origem ao filme homônimo.

Seus estilo literário é recheado de sarcasmo e ironia. Tem como norma uma contemporaneidade, sempre levando as histórias para o absurdo.

A história é simples, e é  uma crítica a sociedade televisiva e da fama instântanea, tudo na história gira em torno de se tornar conhecido.

O livro se desenvolve contando a história de 18 pessoas que respondem a um anúncio estranho, convidando-os a um retiro, para que eles consigam escrever sua obra-prima.

Para isso eles terão que ficar isolados durante 3 meses. No entanto, eles acabarão se encontrando trancados em um teatro abandonado, como se estivessem participando de um reality show. Tendo que lutar por comida e pela sobrevivência.

Um a um as personagens morrem, deixando para trás um conto.

O livro é estruturado em contos escritos pelos personagens, poemas que antecedem cada conto (também escritos pelos personagens) e a história em si. Cada personagem possui uma personalidade muito bem trabalhada, e isso se reflete em seus contos. Aqui se encontra um exemplo da genialidade de Palahniuk.

Não há como descrever muita coisa do livro, só que o escatológico faz parte dele, e que Palahniuk é um dos melhores autores atuais.

Um fato interessante que pode demonstrar o impacto do livro: pelo menos 73 pessoas desmaiaram durante as leituras públicas de um dos textos que compõem Assombro.

O conto chama-se Tripas, responsável por levar  mais de 50 pessoas a perderem os sentidos durante sua leitura, em uma turnê de divulgação.

O livro vale a pena, mas não é para qualquer tipo de leitor. Um dos melhores livros que li ultimamente, realmente inovador e chocante.

No Brasil saiu pela editora Rocco.

Site oficial, aqui.

Um dos poemas:

Expectativa
Um poema sobre a Camarada Quimera


-Eu perdi minha virgindade pelo ouvido- diz a Camarada Quimera
Ela era tão jovem que ainda acreditava em Papai Noel.


A Camarada Quimera está no palco, com os punhos nos quadris
E os braços dobrados,
Projetando os revestimentos de couro nos cotovelos.
Os coturnos com bico de aço e cadarços estão bem plantados.
As pernas estão cobertas por folgadas calças camufladas,
Amarradas nos tornozelos.
Ela se inclina tanto à frente que seu queixo faz sombra sobre a
Frente do casaco verde-oliva, sobra militar.


No palco em vez de um refletor, um fragmento de filme:
Um documentário com cartazes de protestos e filas de piquetes.
Bocas com formas de megafone
Berram completamente abertas
Só se vêem dentes, nada de lábios
As bocas se abrem tanto que os olhos se fecham com o esforço


A Camarada Quimera diz: – Depois que o juiz concedeu a
Custódia conjunta, minha mãe me disse no meio da noite,
Quando você já adormeceu com a cabeça no travesseiro…


A mãe dela disse: -se um dia seu pai entrar pé ante pé no
Seu quarto, você vem me contar…
Se um dia seu pai tirar a parte debaixo do seu
pijama e apalpar seu corpo…
você vem me contar.


Se ele tirar uma cobra gorda e pesada da barriguilha da calça…
Um cacete quente, pegajoso e fedorento…
E tentar meter na sua boca…
Você vem me contar.


-Em vez de tudo isso, meu pai me levou ao jardim zoológico-
diz a Camarada Quimera.
Ele a levou ao balé. Ele a levou ao treino de futebol
Ele lhe deu um beijo de boa noite.


Com as cores dos grevistas sentados, as formas da
Desobediência civil ainda marchando,
Marchando, marchando,
Sob seu rosto,
Camarada Quimera diz:
-Mas eu passei o resto da vida pronta.

Um comentário:

  1. muito interessante, pretendo ler. se puder dê uma passada no meu blog! :)

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