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Um filho problemático desde criança, um pai que não quer enxergar o comportamento do filho e uma mãe que percebe o quanto seu filho é sarcástico e mau desde cedo.
Esses são os personagens do livro, que tem como história a chacina provocada por Kevin Katchadourian, ou KK( que é como será chamado pela mídia), antes dos seus 16 anos, matando 7 colegas, uma professora e um funcionário do seu colégio.
A princípio Kevin Katchadourian é um garoto normal para todos, menos para sua mãe. Um garoto bonito, inteligente, mimado pelo pai e admirado pelos professores.
O livro se desenrola por uma narrativa feita por cartas de
Eva Katchadourian para o pai ausente.
Tentando achar um culpado pelos atos do filho, ela narra desde o nascimento até o dia da chacina, passando por suas visitas a KK na prisão.
Tenta argumentar com o pai, que o mimava, como era evidente o desvio de comportamento e atitude dele. Sofre ao contar as atitudes do filho com ela, nunca antes revelados, pois tinha medo de perder o marido.
Inspirado no massacre de Columbine (aqui), o livro faz refletir sobre quem são os culpados por esses atos de violência juvenis, a sociedade? Os pais? Ou seria apenas culpa dos autores das chacinas?
O livro não tenta apontar culpados, mas faz uma reflexão da personalidades desses adolescentes, e quem ou o quê os levou a isso.
O que chama a atenção são as cenas familiares, que estão presentes no nosso dia a dia, representadas com clareza no livro.
Um livro polêmico que mostra como as relações familiares são complicadas, e ainda faz um retrato da sociedade norte-americana atual. E da nossa.
Os detalhes do planejamento da chacina são assustadores. Kevin utiliza uma balestra, espécie de arco e flecha, para matar todos, isso porque não queria que a sociedade colocasse a culpa nas armas de fogo.
Uma excelente obra da norte-americana Lionel Shriver, agraciado com o Orange 2005, premiação inglesa de melhor romance do ano.
Trecho do livro:
“ A expressão de Kevin era tranquila. Ainda exibia uns restos de determinação, mas esta já deslizava para a empáfia arrogante e serena de um trabalho bem feito. Os olhos dele estavam estranhamente desanuviados – imperturbados, quase pachorrentos – e, reconheci a transparência daquela manhã (...) Aquele era o filho estranho, o menino que largara o disfarce vulgar e evasivo do quer dizer e do eu acho e o trocara pelo porte de chumbo e pela lucidez do homem que tem uma missão”
Mais sobre a autora aqui.
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